25 de outubro de 2009

Fuga

Uma música, entrelaçar de cordas e tonalidades sobrepostas, acariciando-se mutuamente, amantes; cada instrumento foge do outro sem sair da mesma pauta que sustenta a loucura de cada um. Quem conseguir todas as partes da fuga escutar, entrega-se à insanidade perpétua, êxodo eterno da realidade, viajando nem pelo tempo nem pelo espaço, essas são âncoras fictícias, amarram à mão do louco uma pena encharcada de tinta viscosa, pesada. Ficando cego, o fugitivo ouve pormenor, cada som independente do som em si, uma música deixa de ser uma, mas infinitas composições, todas sem horas, entram pela noite adentro sem tento nas imagens que provocam. Cada nota aqui, vale o que soa.

14 de outubro de 2009

Não

E agora, queres fazer um poema?

Já o estamos a fazer.

8 de outubro de 2009

Fora d'horas

Frases soltas entre cafés e cigarros num escuro café entre mim e o único homem que alguma vez posso amar:



Henrique: É nessas alturas que gosto de olhar para o meu bonequinho de madeira, sabes, aquele para desenhar, talvez como já reparaste uma grande porção desses bonecos está em cima de um pequeno poste de metal, para os segurar. Mas o que eu queria dizer com isto, é que quando olha para ele, penso, pelo menos não tenho um poste de metal enfiado no rabo.

V: (risos) sim, assim nem estou tão mal.. mas se lhe tirar o poste do rabo ele fica tão bem como eu.

Henrique: Desculpa lá, não me venhas com histórias, mesmo que tirasses o poste do traseiro do boneco, ainda há uma população deles com tal poste, e não me venhas dizer que podias tirar os postes a todos os bonecos, haha, estás a viver num conto de fadas meu amigo!

V: ahaha, reparaste no que acabaste de dizer?

7 de outubro de 2009

Contra

Quero música! quero dançar á chuva em noites de paixão, sentir as notas a dilacerar o meu coração, sons rasgados de euforia, sem violência, gritar de paz!

Sem horas, sem tempo seremos livres, a correndo pela floresta, sentindo os raios do anoitecer a penetrar o olhar com que sempre jogamos, nos teus tons claros e cabelos esvoaçantes eles reflectem toda a nossa loucura, cegando, ofuscando o luar.

Liberdade, amor e jazz.

6 de outubro de 2009

Ouriço

Como seria a vida, poesia?

Se de tudo isto só ouvisse belos tons semânticos?

Toques filosóficos na maravilha do pensar na alma de amantes.

Pura loucura. Há que rir ,e desenhar minha musa.

4 de outubro de 2009

Vela

O teu olhar, diz: diz.

2 de outubro de 2009

Pincel

Nunca chores porque te levaram ao fundo, mas porque te levaram ao topo.

Dito em carta, deixa-se cair uma lágrima nos lábios sorridentes.





Se não tiveres tinta, usa vinho.