17 de fevereiro de 2010

Claustro

Procurava a porta, havia uma distinta vontade de sair, um certo cheiro putrefacto assaltava o seu olfacto, mas já tendo procurado nos bolsos, sem êxito.

Pânico, as paredes pareciam tornar-se cada vez mais disformes segundo após segundo, e um som agudo e intermitente vinha de todas as direcções, não pensava como, sabia que estava ali, sabia como foi encarcerado sem misericórdia naquela asquerosa dimensão. Não lhe restava fazer nada senão cantar, sem cessar, a sua voz reconfortante iluminava no limite do possível o chão roído por insectos.

A luz era um enigma, não existiam fontes de ondas luminosas à vista, mas procurava ignorar tais trivialidades em base do medo que cada vez mais sentia.

Um dia encontrou uma pequena porta secreta, que conseguiu abrir com algum engenho, em vão, visto que quando trespassou a pequena abertura viu-se numa sala idêntica, ainda mais pequena. Depois de a explorar, ainda com esperança, adormeceu.

Enquanto dormia, sonhava com todas as salas de que já tinha entrado e saído, nunca encontrando uma que lhe agradasse.

1 comentário:

  1. "putrefacto encarcerado asquerosa"... palavras sábias.

    Que triste vida acolhida na esperança e no conforto que transforma obrigado pelo próprio desconforto.

    Parece que muitas vezes nos vimos perante esta situação.

    Apreciei bastante pela positiva, claro.
    Canta!

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