29 de janeiro de 2011

Mulher

Tem um pensamento muito coeso pois pensa por escrito, lê imediatamente o que imagina, o que concebe nunca é abstracto, no entanto o seu ponto fraco é sem dúvida a fala, quando confrontada com o acto, a sua reacção natural é a fuga, a sua fuga para um velho banco de jardim, onde possa ler-se, quer um livro quer a si mesma.





Um dia Áurea apercebeu-se que ainda não era independente do seu criador, embora fosse orfã, era uma filha de um outro tipo de acontecimento, pode-se considerá-la alguém que por vezes extingue-se, só para num outro momento renascer sorrateiramente, e tão sorrateiramente que nem ela se apercebe do acto.



Criarei Áurea, uma personagem não necessariamente feminina, visto que tentarei representá-la durante o correr das coisas, parte dela já existe, mas sem dúvida é um exercício. Mais uma teatralidade que me desorienta das correntes que sigo sem realmente estar desperto. Áurea está sozinha, está sempre em conta nos seus actos, apercebe-se sempre do ambiente e dos seus objectos, pessoas e objectos/pessoas, retém por vezes uma certa fúria que em caso de se soltar , iria perturbar, mas Áurea só evita fazer um tipo de poluição, a sonora.






Áurea sabe que é superior, mas não pensa frequentemente nisso, nem o espalha pelas massas, é até bastante incógnita no seu mundo, no entanto há quem reconheça a sua existência e quem a contemple, só nesses casos Áurea tem companhia, e delicia-se.


Áurea é pobre devido ao seu consumismo compulsivo, é dada aos simples, mas por vezes dispendiosos prazeres. E quem diz que fumar, ver teatro, ter livros, beber café e outros, não é um acto de ócio? Embora pobre materialmente, vive certamente uma vida de dandy, quando as ocasiões assim o permitem





escrito e esquecido imediatamente em meados do outono de 2010
e talvez só a própria mulher veja a etérea imagem de um ser humano, em ela própria.
como admiro os simples gestos de feminina mão.

14 de janeiro de 2011

Sol

Quase que parece que o calendário adoptado por pelo menos o mundo ocidental se tenha baseado no ciclo menstrual. Podemos todos assumir que houve tempos sem qualquer tipo de medida, mas organização, essa sempre houve.



7 de janeiro de 2011

Piedade

Com uma certa subtileza, e sobretudo gosto, encontram-se maneiras de explicar tudo.

A matemática não parece incluída aqui, mas de facto é, para mim, dotada de uma carácter nada lógico e evidente, mas tão poético e barroco.
A ornamentação, a distância percorrida para pensar numa outra linguagem. A submissão voluntária a um renascimento do comum pensamento, do observável.

Magnífico.

Saudações aos que fazem a matemática pensando assim.

Ora, uma outra forma de manipular a verdade é a minha por exemplo. Mero entretimento meus caros, mero entretenimento. Mas por vezes aprende-se, ou lê-se alto as frases, mesmo estando só, como que quem precisa de ouvir para ter a certeza daquilo que pensa ver, um reforço da verdade atingido por o uso de outro sentido, a audição. perfeitamente compreensível. E com tudo isto, realmente satisfaço-me, em explorar esta linguagem, semelhante à matemática, mas só da minha perspectiva. Sim admito que escrevo de uma forma extremamente egoísta.

Apelo ao sentido de que não o faço com dolo, a ti, aliás acredito que todas as frases podem ter um uso, prático até, arrisco dizer.



Acrescento que aprovo qualquer forma de música nacionalista, é à custa de erros de outros que faço grandes encenações teatrais. Por vezes não me consigo convencer a mim mesmo que quando encarno um Nazi, não sou de facto um nazi. Conto com a minha memória portanto, para me salvar do teatro



4 de janeiro de 2011

Construção

O arquitecto ideal iria deixar em qualquer casa um espaço dedicado a ser uma sala de guerra. Onde os ocupantes poderiam discutir furiosamente sobre as melhores estratégias de ataque, enquanto conspiravam uns contra os outros, nas suas salas de guerra individuais.



Muito bem, amanhã às 07:22 todos estaremos despertos.




2 de janeiro de 2011

dados demográficos

Qualquer um se sente um sobrevivente quando pensa que deste momento a 100 anos, todas as pessoas que vivem agora, não vão viver. (salvo raras excepções, mas a distância é tão grande que a morte tem o mesmo peso)