13 de agosto de 2009

Filosofias de Circo

Maurice não fala. Senta a sua estrutura sólida no arame, hirto, um elemento canónico da paisagem. Pintado no fundo do quarto, apresenta tons vermelhos banhados pela luz velha e amarela. Como estás Maurice? Como foste acabar sendo um cabide Maurice?


Silencioso como lhe é natural, sonha com os tempos de outrora em que era o rei, e o palhaço. As crianças olhavam-no, admirando-o, contemplando-o, como que um ser de outro universo. Sentia-se dono de uma elegância e carisma próprias de um herói mitológico. Desprezava-me, considerando-me um obstáculo à sua criação, bons tempos.


Agora apenas existe, servindo de cabide.


Quem é Maurice? eu, ou o monociclo?

9 comentários:

  1. dás-me o teu mail ou nem por isso, ó henrique apolinário?

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  2. o Maurice és tu + o monociclo :)

    aquela é a Lisa Lyon, a primeira mulher body builder que foi fotografada (se não estou em erro, ou pelo menos na altura foi algo muito invulgar)..e foi fotografada assim, de baixo, para disfarçar a sua baixa estatura. não, estou longe de ser assim atlética eheh *

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  3. quem é maurice?

    não será apenas mais um freixo dos vários reflexos dentro de ti.

    esse herói mitológico que ele foi desvaneceu-se, todos nos desvanece-mos no tempo e tornamo-nos estruturas inertes.

    o circo é o mundo de maurice, e maurice é um artista e um espectador, que vê os milhares de olhares expectantes e entusiastas que lhe são dirigidos.

    quem é maurice? não sei

    mas pergunto-me porque se deixou desvanecer e tornar-se num cabide.

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  4. "Agora apenas existe, servindo de cabide."

    esse maurice é bem misterioso, e pelos visto já passou por tanto na vida.

    gostava de saber quem é ele, mas talvez nem ele próprio saiba quem é ^^

    quem sabe, quem sabe.

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  5. não me considero 1a herege.

    simplesmente admito que ardo numa fogueira que eu construí.

    que dentro de mim estou a morrer aos poucos, por minha culpa.

    só isso.

    o nome maurice é belo.

    lembra-me um homem livre, que mistura arte com vida e não deixa o seu espírito enfraquecer pela pobreza.

    invejo o maurice.

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  6. maurice, portanto. curioso.
    pois, em relação às lomo, estou mesmo à toa.

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  7. o silêncio é um disfarce contra a estupidez, o sofrimento e a realidade.

    no silêncio podemos ver quem somos sem mentiras.

    não é simples apagar o fogo, porque não é simples apagar o passado e não é simples apagar a sede de tudo o que define a verdadeira natureza do Homem.

    todos ardemos numa fogueira, porque todos somos vis em algures do nosso ser.

    a diferença reside na luta que cada um trava contra o Homem e contra si mesmo.

    e na dimensão do nosso fogo.

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  8. não é uma contradição, são duas características que se encontram no silêncio.

    quando digo que o silêncio é um disfarce/ protecção, penso em situações concretas em que utilizamos o silêncio com esse fim.

    no comment anterior referi estupidez, sofrimento e realidade.

    ex. quando nos fazem uma pergunta e não sabemos a resposta geralmente calamo-nos, para não parecermos estúpidos, usamos o silêncio como resposta.

    quando estamos a sofrer muitos optam por chorar em silêncio, para que ninguém perceba a sua dor, ou seja usam o silêncio como barreira contra os seus próprios sentimentos.

    ou também acontece que muitas vezes simplesmente silenciamo-nos a nós mesmos devido ao medo.

    mas quando disse que no silêncio vemos quem somos sem mentiras, também estava a pensar em algo concreto.

    pensava na hipótese de um mundo sem palavras, onde apenas nos pudesse-mos expressar através de gestos, olhares, actos… penso que em tal mundo nenhuma relação seria falsa, hipócrita porque não podemos mentir no silêncio, somos forçados a deixar ver a realidade.

    enquanto que as palavras embora também possam ser honestas, nunca há a certeza de serem verdadeiras, por isso criámos o sentimento confiança, para dar credibilidade ás palavras.

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  9. A palavra é a desculpa do pensamento.
    Renard , Jules

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